Você seguramente já ouviu falar em peak oil. Peak oil é o momento em que sua produção atinge seu máximo. Dali para a frente, a quantidade disponível de petróleo segue unissonamente ladeira abaixo até o momento final ou, como diria Tom Zé, “quando esse diacho de petróleo acabar”.
O peak oil traz importantes consequências para o futuro dos transportes – um setor largamente dependente de petróleo e um dos principais responsáveis por emissões de gases do efeito estufa. Com o encarecimento do petróleo e de seus derivados, mobilidade tende a se tornar um produto de luxo, quiçá até inacessível para muitas pessoas que hoje dependem do carro para chegar ao trabalho, para deixar seus filhos na escola.
Como preparamos nossas cidades para esse cenário? Resposta: do jeito menos inteligente possível. Construindo mais túneis e mais autoestradas. Atravancando a expansão do transporte coletivo de massa. Reduzindo impostos para a compra ou o uso de automóveis. Mantendo impostos altos para os combustíveis usados de maneira bem mais eficiente pelo transporte público. E, de vez em quando, lançando em caráter de teste um ônibus movido a hidrogênio aqui ou acolá.
Ou seja, com base nas decisões tomadas na área dos transportes e anunciadas pela mídia, parece que o Brasil ainda não ouviu nada semelhante a peak oil. Mobilidade sustentável continua sendo, no máximo, jogada de marketing – seja por parte das empresas que atuam no setor, seja por parte do poder público.
O problema não é o petróleo em si. Até porque não há alternativa energética capaz de colocar em movimento tantas pessoas e mercadorias, como as hoje postas em movimento com base no consumo de petróleo.
Portanto, a tarefa é ainda maior do que simplesmente trocar as matrizes energéticas. É necessário reestruturar as cidades de forma que seja possível viver, sem se deslocar tanto como hoje, na maior parte das grandes cidades brasileiras.
Na tabela acima, baseada em outra brochura bem bacana do World Future Council, você mesmo pode conferir o que sua cidade está fazendo ou já fez em busca da sustentabilidade no setor de transportes.
Originalmente publicado no Planeta Sustentável em 18/11/2010, às 12:31